Na manhã desta quinta-feira (22), a vereadora Samantha Cavalca (Progressistas), que integra a Comissão de Saúde da Câmara Municipal de Teresina, participou de uma reunião com o presidente da Fundação Municipal de Saúde, Dr. Charles Silveira, e representantes do Hospital São Marcos. 

O encontro teve como foco a busca por alternativas diante das dificuldades enfrentadas no atendimento a pacientes com câncer, que vem sofrendo com a suspensão parcial dos serviços nos últimos meses.

Durante o encontro, o presidente da FMS informou que foi formada uma comissão que está realizando uma auditoria com o objetivo de estabelecer um novo contrato entre o Hospital São Marcos, a Fundação Municipal de Saúde e o Ministério da Saúde. “Estamos elaborando uma nova estrutura de contrato, com a participação de técnicos do Ministério da Saúde, para definir uma nova forma de compensação e repasse. Existe a possibilidade, inclusive, de pôr fim à Tabela SUS, que hoje conta com valores defasados, comprometendo o financiamento da saúde pública nos estados e municípios”, destacou Dr. Charles Silveira.

A vereadora Samantha Cavalca questionou o prazo para a conclusão desse relatório, sendo informada de que a previsão é de 60 dias.

Outro ponto abordado na reunião foi a iniciativa do Governo do Estado de abrir novos serviços de atendimento oncológico no Hospital Getúlio Vargas (HGV) e na cidade de Parnaíba. A medida busca desafogar o sistema de saúde de Teresina, embora o Hospital São Marcos continue concentrando a maioria dos atendimentos de pacientes com câncer do Piauí e também de outros estados.

O presidente da FMS alertou para a sobrecarga enfrentada pela capital. “Teresina tem um déficit anual de R$ 69 milhões e é a capital que mais investe em saúde pública no Brasil. Infelizmente, o Governo do Estado não tem feito aportes suficientes para ajudar a reduzir essa demanda, enquanto municípios do interior seguem encaminhando pacientes para a nossa rede”, explicou Dr. Charles. Ele também destacou que o Hospital São Marcos atende pacientes do Maranhão e recebe aportes do governo daquele estado, enquanto o Hospital de Urgência de Teresina (HUT) também atende esses pacientes sem possibilidade de cobrança, já que a legislação garante o atendimento a todos, independentemente da origem.

O diretor técnico do Hospital São Marcos, Dr. Marcelo Martins, ressaltou o caráter filantrópico da instituição, que funciona nos moldes das Santas Casas de Misericórdia, responsáveis por cerca de 77% dos atendimentos oncológicos em todo o país. Segundo ele, a crise se agravou devido à falta contínua de repasses da Prefeitura e aos valores defasados do SUS. “Hoje, o SUS paga apenas R$ 10 por consulta com cardiologista, o que é inviável para manter o atendimento de qualidade. O Hospital só não fechou porque, com muito esforço, conseguimos investimentos privados por meio de empréstimos, que atualmente subsidiam grande parte do atendimento público”, afirmou.

Dr. Marcelo informou ainda que, dos aproximadamente 1.500 pacientes que tiveram seus tratamentos suspensos, cerca de 700 já retornaram, incluindo crianças.

Ao final da reunião, a vereadora Samantha Cavalca sugeriu que a Comissão de Saúde da Câmara Municipal articule, juntamente com a Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa do Piauí, a formação de uma comissão mista para buscar soluções efetivas para a crise.

Em entrevista à imprensa, Samantha Cavalca propôs ainda a criação do “Pacto pela Saúde”, com o objetivo de mobilizar vereadores, deputados estaduais, federais, senadores e demais representantes políticos para captação de recursos públicos por meio de emendas parlamentares, além de articulações junto aos ministérios e ao Congresso Nacional. “A maior parte da conta da saúde do Piauí fica com a Prefeitura de Teresina. Precisamos unir forças para criar soluções legislativas e financeiras que deem segurança jurídica e garantam o funcionamento pleno do nosso sistema de saúde”, destacou a parlamentar.

Também participaram da reunião os vereadores João Pereira, Ana Fidelis, Carpejeane Gomes e Carlos Ribeiro; os representantes da FMS, Dr. Charles Silveira e Dr. Esdras Avelino; e os representantes do Hospital São Marcos, Dr. Marcelo Martins e Dr. Virgílio Cabral.